Em 3 anos, malha cicloviária mais que dobra de tamanho nas capitais do país
Em 3 anos, malha cicloviária mais que dobra de tamanho nas capitais do país
São 3.009 km de vias destinadas aos ciclistas; em 2014, eram 1.414 km. Ainda assim, elas correspondem a apenas 2,8% da malha viária total das cidades.
A cidade de Rio Branco continua com a maior proporção em relação à malha (22,2%) e ao número de habitantes (2.115 por km de via), assim como no último levantamento do G1.
Correa diz que, apesar dos números positivos do município, é equivocado pensar que o modelo possa ser aplicado em outros locais à risca. “É muito difícil em um país com várias diferenças culturais estabelecer modelos urbanos. Cada cidade tem um comportamento, uma dinâmica própria. O que vale destacar de Rio Branco, e fiz um mestrado onde falei com várias pessoas da Holanda e da Alemanha, é que ela foi a primeira cidade do mundo a instituir uma rede cicloviária sem ter o problema do trânsito, do carro. Até a Holanda teve a crise da gasolina na década de 60 e passou a fazer um planejamento. Então, é uma situação única. Por uma questão social, Rio Branco começou olhar a questão cicloviária. Para isso, é preciso vontade política.”
Planos e desafios
O diretor da TC Urbes faz um prognóstico para os próximos anos: “O que acho que vai acontecer é que irá continuar essa expansão de maneira não perfeita. E com o aumento de usuários, serão necessárias correções. Talvez em 5 ou 10 anos, dê para chegar em um modelo melhor”.
Várias prefeituras têm planos para os próximos quatro anos. Um dos mais ousados é o de Belo Horizonte. A nova gestão pretende ampliar a rede cicloviária em mais de 350%, chegando a 400 km de pistas exclusivas para ciclistas até 2020. Hoje, a malha é de 87,4 km.
Em Teresina, o Plano Diretor Cicloviário Integrado prevê a implantação de 22 km para interligar as ciclovias já existentes. Além disso, está prevista a construção de mais 136 km de ciclovias.
Fortaleza e Brasília, que já contam com muitos espaços, preveem implantar mais 50 km até o fim de 2017.
Boa Vista, a única que não tinha nenhuma ciclovia ou ciclofaixa em 2014, agora conta com 35 km e já planeja mais 15 km, como consta do Plano Diretor.
Em São Paulo, onde as ciclovias foram alvo de polêmica durante a campanha eleitoral, ainda não se sabe qual será a política adotada. A CET diz que “a Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes está revisando o plano cicloviário da cidade visando incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte, priorizando sua integração ao sistema de transporte público, dando maior utilidade às ciclovias e corrigindo eventuais problemas na sua implantação. Isso será feito escutando comunidade e envolvidos, num diálogo em busca da forma racional no uso do modal bicicleta na cidade”.
Para Caldana, o principal desafio para os prefeitos que assumiram as capitais neste ano é o de não partidarizar a discussão das ciclovias. “É uma questão fundamental. O modelo de desenvolvimento urbano usado pelo Brasil é um modelo falido e insustentável do ponto de vista ambiental, humano e econômico. Então o desafio é que os prefeitos tenham a sensibilidade de perceber que, ainda que façam ajustes partidários e ideológicos, os avanços têm que ser continuados.”
Fonte: G1.COM