Discussão sobre Reserva Técnica mobiliza Arquitetos em Natal
O Parque de Natal foi cenário hoje (24) de uma discussão antológica sobre Reserva Técnica, com a participação de Arquitetos e Urbanistas e estudantes do curso de arquitetura do Rio Grande do Norte. Através do evento organizado pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do RN – Cau/RN, os mais de 100 profissionais tiveram a oportunidade de externar seus receios, críticas, anseios e sugestões sobre o fim da Reserva Técnica, tema de Campanha do Cau/BR e que traz à tona discussões inflamadas por parte da categoria, principalmente pela forma como foi apresentado o assunto através das redes sociais.
Para discutir o assunto, estiveram presentes a presidente do Cau/RN, Patrícia Luz, Cristiano Rolim, presidente do Cau/PB, Welison Silveira, assessor jurídico do Cau/PB, Hector Bezerra, assessor jurídico do Cau/RN, Fátima Caribé, Coaching e educadora organizacional, Fabricio Amorim, presidente do IAB-RN e Fernando Costa, Conselheiro Federal do Cau/BR.
De acordo com a presidente Patrícia Luz, a oportunidade foi encarada como mais um importante bate-papo, dando ênfase ao profissionalismo. “É o momento de contribuir, por isso precisamos estar unidos e que as entidades estejam envolvidas”.
Para o presidente do Cau/PB, Cristiano Rolim, a ética se resolve. “Nós temos que inverter esse comportamento e precisamos contribuir para isso, a fiscalização precisa ser feita”.
O Conselheiro federal, Fernando Costa, destacou que o assunto é discutido desde 2012 e que a Reserva Técnica não é um procedimento normal. “A nossa tabela de honorários busca o que é correto”. Hoje a remuneração correta do arquiteto é correspondente a seis salários mínimos, mas de acordo com os participantes do evento, esse montante foge da atual realidade.
Fabrício Amorim, presidente do IAB-RN, disse que o evento uniu os arquitetos em prol de um ideal. “Essa Campanha desde junho tem nos feito lutar por uma boa prática, excelência da nossa atividade e honorários mais juntos”.
A Coaching, Fátima Caribé, orientou os arquitetos a olharem esse momento como uma oportunidade. “Olhem para esse momento, vejam a oportunidade atrás disso, pois é a partir de agora que vocês podem fazer diferente e se perguntem, Qual é o mundo onde queremos viver?”
Hector Bezerra, assessor jurídico do Cau/RN, enfatizou que os arquitetos estão sujeitos às penalidades do Código do Consumidor e relembrou a importância dos contratos. “Os contratos precisam conter todos os detalhes da prestação de serviço e lembre-se que vocês estão sujeitos ao Código de Defesa do Consumidor”. Na ocasião, o assessor jurídico do Cau/PB, Welison Silveira, citou o caso de uma arquiteta de São Paulo que foi denunciada junto ao Conselho e que sofreu penalidades. A NBR 6492 também foi pontuada na ocasião, pois exige apresentação do projeto de forma completa ao cliente.
Ao final, foi sugerido a realização de outro momento como esse para responder os questionamentos expostos pelos arquitetos. Os presidentes do Cau/RN e do Cau/PB garantiram que as considerações sobre a Campanha de combate à Reserva Técnica serão apresentadas no Fórum de Presidentes do Cau/BR. O evento arrecadou latas de leite que serão doadas a uma Instituição.
O que acham os Arquitetos:
“ Eu acho que o arquiteto tem cobrar o que deve no projeto, temos que cobrar um valor justo”. Diogo Maia – 10º período de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Potiguar.
“Nós temos que valorizar nosso projeto e não utilizar desse artifício da comissão, que faz com que o cliente, muitas vezes , gaste mais e, ainda, sendo desleal com ele”. Rayssa Soares – 10º período de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Potiguar.
“Essa discussão é essencial para que o arquitetos reflitam sobre seu papel perante a sociedade e que esse momento sirva como uma retomada para os profissionais. Sugiro, ainda, que o Cau crie um selo de reconhecimento aos escritórios”. Mariana Paixão – Arquiteta e Urbanista.
“É desonesto. É propina. Me sinto envergonhada de fazer isso perante ao cliente e já pensei em desistir da profissão várias vezes, pois viramos vendedoras de loja. Sou a favor da verdade, mas me pergunto como vou sobreviver a isso. É preciso que a gente se una ou, então, vamos ter que conseguir um emprego em loja”. Ana Clara – Arquiteta e Urbanista.
“Quando entramos no mercado, viramos vendedores de loja. O mercado antes era diferente, antes o arquiteto não era acessível. Hoje, em todo canto existe comissão e isso prostituiu nossa profissão, porque tem colegas que não cobram projetos. Se eu não tivesse me associado a uma pessoa que entendesse de escritório, eu já teria virado vendedora”, Andrea Cariello.