Seminário Regional das CPUAs Nordeste discutiu estratégias para defender a participação dos arquitetos e urbanistas
O Seminário Regional das CPUAs Nordeste foi realizado em Natal, no dia 07 de agosto, no auditório cedido pela UniFacex, com o intuito de trocar experiências para traçar estratégias conjuntas de atuação, sempre visando zelar pelo planejamento territorial, defender a participação dos arquitetos e urbanistas na gestão urbana e ambiental, e estimular a produção da Arquitetura e Urbanismo como política de Estado.
Nos últimos anos, este foi o maior evento voltado para o patrimônio histórico e cultural, o que confirma o potencial deste assunto, como equalizador de conflitos da cidade do Natal e serve como referência para fomentar o turismo.
O evento contou com a as presenças do presidente do CAU/RN, Luciano Barros, com a conselheiros Federal, Patrícia Luz e Jeferson Souza, dos membros da Comissão de Política Urbana e Ambiental do Conselho de Arquitetura do Brasil (CAU/BR), Josélia Alves, Nikson Dias e Luciano Narezi, da coordenadora da Comissão de Política Urbana e Ambiental do CAU/RN e Conselheira, Ana Clara Madruga, e ainda, do deputado estadual Hermano Morais, profissionais de arquitetura e urbanista, estudantes, sociedade e formadores de opinião.
O presidente Luciano Barros fez a abertura do evento falando da importância do seminário em discutir assuntos relevantes para o Rio Grande do Norte. A Coordenadora da CPUA, Josélia Alves também enalteceu a inciativa do encontro, assim como a conselheira federal Patrícia Luz e a conselheira Ana Clara Madruga.
De acordo com a coordenadora da CPUA-RN Ana Clara Madruga é urgente que os gestores públicos e a sociedade civil olhem para o patrimônio com o olhar dos arquitetos. “Lembro ainda, que as intervenções urbanas em áreas e edifícios com teor histórico inicia-se, a partir da iniciativa da Prefeitura, vindo a ser financiada por consórcios, doações de empresas e entidades particulares”, ressaltou e acrescentou que a partir de um único prédio tombado, tendo este sendo inserido em um projeto de intervenção urbana incorporando todo o seu entorno nesse projeto, criando um novo uso que traga lazer, cultura, desenvolvimento econômico, tornando a área anteriormente, abandonada e insalubre em um novo pólo cultural e turístico. Além disso, a área ganha uma valorização imobiliária em torno de 30%, o que atrai investidores de diversos locais do Brasil e do mundo.
Na manhã, o Seminário contou com a palestra da arquiteta e urbanista Gabriela Assunção com o tema: “Demolições, debates e tentativas pioneiras de preservação em Salvador e Recife (1909- 1933)”. “O momento será de falar sobre essas repercussões nos debates urbanos”, disse. A segunda palestra do dia foi com a consultora do IPHAN-RN, Cintia Camila para apresentar o documento referente ao processo de candidatura do Forte dos Reis Magos à Patrimônio da Humanidade. “Isso inclui listar uma série de aspectos técnicos para que o forte seja aceito como bem seriado do conjunto de fortificações do Brasil”, explicou.
Após essas explanações esclarecedoras, o arquiteto e urbanista Haroldo Maranhão ministrou a palestra “Intervenções do Patrimônio Arquitetônico Potiguar”. Apresentou duas propostas urbanísticas projeto do parque da fortaleza dos Reis Magos e do Centro Cultural da Capitania das Artes. “Duas contribuições para que a cidade se torne mais democrática e plena do usufruto dos seus potenciais históricos, culturais e paisagísticos”, enfatizou.
Durante a tarde, a programação iniciou com uma palestra “Natal Desenhada: Ações do Grupo Sketchers Natal, proferida pelos arquitetos e urbanistas, Eunádia Cavalcante e José Clewton do Nascimento. Na oportunidade, José Clewton, falou que os Sketchers não é um grupo formado exclusivamente por arquitetos. “Quem fundou o grupo foi, inclusive, o jornalista Camilo, começou fazendo percursos por algumas cidades, registrando-as através de desenhos, postando e compartilhando esses trabalhos nas redes sociais, ideia que foi adotada por muita gente e acabou culminando em uma série de outras ações neste sentido, fazendo o trabalho se tornar coletivo”. O grupo abriu a participação para a sociedade civil neste exercício de olhar para a arquitetura histórica.
Já Eunádia Cavalcante, falou do quanto o movimento é agregador “Unificamos essas atividades já desenvolvidas pelo Grupo Sketchers e elaboramos um projeto de extensão, que convida pessoas que conhecem bem a Ribeira para participar de encontros que envolvem desenho, roda de conversa e música, agregando, inclusive, outros projetos ligados à música da Universidade.
Logo em seguida, foi a vez da arquiteta e urbanista Ilanna Revorêdo falar do seu projeto de extensão “Ribeira Minha Ribeira”. A ideia surgiu com objetivo de sensibilizar alunos para a questão do patrimônio histórico-cultural, tendo mais apropriação do assunto, já que alguns nem conheciam o bairro em questão. “A gente queria, inicialmente, guardar as histórias da Ribeira. A ideia era gravar depoimentos de figuras cômicas e transmitir através do Instagram para que todos tomassem conhecimento”, disse. Ela acrescenta que todas as ações são feitas pelos alunos e este ano resolveram ampliar a área de atuação e estendeu o projeto para todo centro histórico e edificações tombadas.
Quem também apresentou um projeto bastante interessante, foram os arquitetos e urbanistas Lorena Farkat, Nicholas Saraiva e Dmetryus Targino, que falaram sobre “Olhos da Ribeira: Projeto de Requalificação Urbana. Na oportunidade, eles apresentaram ideias de gestão participativa para melhorar a economia local e trazer o desenvolvimento para o bairro, atualmente tão abandonado.
Por fim, que falou foi o empresário Delcindo Mascena, que falou sobre o projeto que encabeçou para resgatar o Centro, o “Viva o Centro”. “Em 2017 comecei a observar uma redução do movimento no Centro de Natal, devido a uma greve dos policiais, insalubridade das ruas e a insegurança gerada por tal. Iniciei assim, a busca por meios para solucioná-los e com o apoio dos demais empresários, criamos uma associação”, lembra. A partir daí, com persistência e apoio da sociedade e do poder público em uma série de ações de revitalização e resgate cultural.
O evento se encerrou com uma caminhada até o Beco da Lama, espaço conhecido pela boêmia e pelas manifestações culturais, transformado atualmente por intervenções artísticas, sobretudo na área do grafitti, sendo uma verdadeira galeria a céu aberto e um novo ponto turístico da Cidade. Publicado no dia 8 de agosto de 2019.